Olá para todos. Sim, estou sumida. E vou continuar sumida. Natal, ano novo... E eu em Porto Alegre curtindo alguns dias com a família. Depois eu vou pro mato. Melhor dizendo: Irei para uma aldeia Guarani. 30 dias. E lá não tem internet. É outro mundo.
Assim, o blog e meus gatos ficarão em banho-maria até fevereiro. Tudo de bão pro cês!
Até mais! Hasta la vista y sorte!
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
ELA
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Teste do Cap. Nascimento
Como ela, eu às vezes curto essas bobagens de teste. Entonces, fiz esse novo aí.
Socorro! E o pior é que tendo a concordar (em parte) com o resultado. Eu sou meio briguenta, mas não tenho a menor vocação para a coisa.
Socorro! E o pior é que tendo a concordar (em parte) com o resultado. Eu sou meio briguenta, mas não tenho a menor vocação para a coisa.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
25 dias
UAU! Nós temos troféu!
Gente! E não é que na etapa final, em Curitiba, eu alcancei duas medalhas de ouro, o que me garantiu a colocação de quarto lugar no cômputo total?! E eu nem sabia que havia troféu para até o quinto lugar.
Vamos combinar, eu nunca ganhei troféu na minha vida! Fiquei toda faceira. Parecia que tinha sete anos!
Rá! A vida e suas surpresas.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
NOSSO CAÇULA
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
A árvore e ela
Desde muito pequena ela soube do amor do pai pela natureza, mais especificamente, pelos elementos da flora em geral. Ele lhe ensinou algumas leituras sobre as plantas e ela não esqueceu. Depois que ele se foi, acrescentei mais alguns códigos. É a nossa linguagem secreta que alimenta a memória dele entre nós duas.
(...)
Desde muito pequena ela aprendeu o significado desse sinal: Quando os flamboyant florescem é sinal de mais um aniversário seu. Ela fica atenta às primeiras flores e quando a cidade explode em vermelho, é uma alegria só!
Sábado ela faz 8 anos. Tão linda e amada ela é!
Minha vida só tem sentido por que essa alegria enrubesce meus dias.
(...)
Desde muito pequena ela aprendeu o significado desse sinal: Quando os flamboyant florescem é sinal de mais um aniversário seu. Ela fica atenta às primeiras flores e quando a cidade explode em vermelho, é uma alegria só!
Sábado ela faz 8 anos. Tão linda e amada ela é!
Minha vida só tem sentido por que essa alegria enrubesce meus dias.
Feminismo e literatura
O colega blogueiro Balestra sugeriu que eu desse meu pitaco no post dela. Mas eu achei melhor não. Sabe como é... Minha opinião é um pouco divergente e daí que não quero gerar polêmica. Eu entendo a resistência da academia em aceitar uma proposta de tese como a que ela pensava. Do jeito que ela aparece se percebe estar muito marcada pela subjetividade, por julgamento de valor. E isso não é bem visto como uma boa base acadêmica ou científica para respaldar uma tese. Se eu fosse uma potencial orientadora também proporia outro caminho.
Esse tema me lembrou na hora Clarice Lispector. E eu amo Lispector. E ela dizia ser contrária à idéia de uma literatura feminina. Para ela pouco importava o gênero do autor. Importava era o que escrevia e o que escrevia deveria ser algo que interessasse a nós como humanos e não como masculino ou feminino. Enfim, a escrita literária deveria ser universal e humanística. Algo assim ela pensava. Tanto que recusava a distinção poeta/poetiza. Para ela só existiam poetas e ponto final. Sou muito mais simpática a essa posição da Lispector.
Por outro lado entendo e não descarto a importância do feminismo de forma geral. Eu não sou feminista de carteirinha. Não milito. Mas não deixo de identificar retaliações e ações preconceituosas pautadas no machismo. Ações feitas por homens e mulheres, é bom sublinhar. E quando as identifico, sem dúvida reajo. E a reação se vale muito do feminismo. Enfim, valho-me das palavras de Nélida Piñon, em uma entrevista dada a Lispector na década de 1970:
- Você divide poeta de poetiza, literatura feminina de literatura masculina?
“A linguagem é produto do exercício do poder, que entre nós é masculino. Essas divisões clássicas estão a serviço da sociedade masculina, responsável pelo ato de nominar ‘feminina’ a produção da mulher de sensibilidade exacerbada, diariamente contrariada e diminuída pela lista de haveres domésticos. Deste modo, mesmo a mulher de escritura ‘masculina’ (máximo de elogio), nada mais fez que adotar o ponto de vista cultural da sociedade masculina, de que se origina. Pensamos segundo cânones masculinos, o que ironicamente determina que mesmo as escritoras pejorativamente chamadas de ‘femininas’ expressem também sentimentos masculinos, ainda que reprimidos, e sejam pois a contrafação daquela literatura. Ignoro como virá a ser uma sociedade cultural realmente contaminada pelo ponto de vista da mulher, após conquistar ela plena e absoluta igualdade. Até o momento, somos uma das regras do decálogo masculino, razão de se tornar ingrata a tarefa de defender a escritora que escreve como homem, e lamentar a que escreve como mulher. Seria uma injustiça e terrível luta de classe.”
- Você é feminista? O que é que reivindica para a mulher brasileira?“O feminismo é uma conseqüência da minha condição de mulher. Quanto mais habilito-me a interpretar o mundo, melhor compreendo a necessidade de se conquistar uma identidade, que unicamente uma consciência ativa e alerta nos pode conferir. Sou naturalmente feminista, e aspiro para a mulher, independentemente desenvolvida, capaz de integrar-se ao centro das decisões, de que esteve sempre excluída, a ajudar a tornar possível e melhor a vida comunitária dos nossos tempos.”
(In: Clarice Lispector, Entrevistas. Ed. Rocco)
Esse tema me lembrou na hora Clarice Lispector. E eu amo Lispector. E ela dizia ser contrária à idéia de uma literatura feminina. Para ela pouco importava o gênero do autor. Importava era o que escrevia e o que escrevia deveria ser algo que interessasse a nós como humanos e não como masculino ou feminino. Enfim, a escrita literária deveria ser universal e humanística. Algo assim ela pensava. Tanto que recusava a distinção poeta/poetiza. Para ela só existiam poetas e ponto final. Sou muito mais simpática a essa posição da Lispector.
Por outro lado entendo e não descarto a importância do feminismo de forma geral. Eu não sou feminista de carteirinha. Não milito. Mas não deixo de identificar retaliações e ações preconceituosas pautadas no machismo. Ações feitas por homens e mulheres, é bom sublinhar. E quando as identifico, sem dúvida reajo. E a reação se vale muito do feminismo. Enfim, valho-me das palavras de Nélida Piñon, em uma entrevista dada a Lispector na década de 1970:
- Você divide poeta de poetiza, literatura feminina de literatura masculina?
“A linguagem é produto do exercício do poder, que entre nós é masculino. Essas divisões clássicas estão a serviço da sociedade masculina, responsável pelo ato de nominar ‘feminina’ a produção da mulher de sensibilidade exacerbada, diariamente contrariada e diminuída pela lista de haveres domésticos. Deste modo, mesmo a mulher de escritura ‘masculina’ (máximo de elogio), nada mais fez que adotar o ponto de vista cultural da sociedade masculina, de que se origina. Pensamos segundo cânones masculinos, o que ironicamente determina que mesmo as escritoras pejorativamente chamadas de ‘femininas’ expressem também sentimentos masculinos, ainda que reprimidos, e sejam pois a contrafação daquela literatura. Ignoro como virá a ser uma sociedade cultural realmente contaminada pelo ponto de vista da mulher, após conquistar ela plena e absoluta igualdade. Até o momento, somos uma das regras do decálogo masculino, razão de se tornar ingrata a tarefa de defender a escritora que escreve como homem, e lamentar a que escreve como mulher. Seria uma injustiça e terrível luta de classe.”
- Você é feminista? O que é que reivindica para a mulher brasileira?“O feminismo é uma conseqüência da minha condição de mulher. Quanto mais habilito-me a interpretar o mundo, melhor compreendo a necessidade de se conquistar uma identidade, que unicamente uma consciência ativa e alerta nos pode conferir. Sou naturalmente feminista, e aspiro para a mulher, independentemente desenvolvida, capaz de integrar-se ao centro das decisões, de que esteve sempre excluída, a ajudar a tornar possível e melhor a vida comunitária dos nossos tempos.”
(In: Clarice Lispector, Entrevistas. Ed. Rocco)
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
RESPOSTA LONGA, MAS NECESSÁRIA
Uma leitora fez algumas observações ao meu texto sobre aquela infeliz fala da D. Ana M. Braga. Ao lê-la me vi na necessidade de me deter em responder adequadamente, pois é um tema que muito me afeta. Sinto que temas assim precisam ficar bem claros. Então, vamos ao que a leitora disse e em seguida apresento minhas ponderações. Antes de tudo, vale o esclarecimento que ela afirma ser psicóloga:
“Atendo muitas mulheres em meu consultório, infelizes por não poderem ser mães de verdade de seu filhos, mulheres sofridas e estressadas por terem que encarar tantas dificuldades fora de casa, elas só queriam ser pessoas e mães, mas agora são apenas trabalhadores, que só cabe na frieza e indelicadeza dos seres do sexo masculino, muitas mulheres só queriam ser mulher mas não ocupar o espaço dos homens”.
Essa situação, de trabalharem demais e não poderem se dedicar ao lar e aos filhos em nada tem a ver com a condição contemporânea da liberdade feminina. Apenas como um exemplo, basta lembrar das mulheres no campo, do passado e algumas do presente. Fiquemos com as do passado, já que o tema é sobre as mulheres antes e depois do feminismo. Mulheres do campo do século XIX. Interior do Rio Grande do Sul. O cotidiano dessas mulheres era de acordar muito cedo (4 da matina), fazer o pão, iniciar o almoço, preparar a casa e os equipamentos para o trabalho no campo. O homem acordava pouco tempo depois, comia o seu desjejum previamente preparado e seguia com a mulher para o trabalho na agricultura. As crianças (sempre mais de três) ficavam aos cuidados de uma mulher mais velha (uma avó) ou de uma criança mais velha (geralmente uma menina a partir dos oito anos). Algumas mulheres levavam o almoço, outras esperavam que uma das crianças trouxesse a comida. O final do trabalho era sempre quando a luz do sol não permitia mais a presença no campo. A mulher, mãe e esposa, chegava a casa e ainda dava conta da demanda doméstica (que nem vou listar aqui e que dá para imaginar). O marido ia primeiro para a cama, enquanto ela terminava o serviço. Enfim, ela era a primeira a levantar e a última a ir dormir. Quando via os filhos? Quando curtia sua casa? O destino de suas filhas não seria outro a não ser este.
Outro trecho da leitora:
"Vejo hoje muitas de nós nos butecos enchendo a cara até amanhecer o dia e mendigando homens, será que essa falsa "liberdade" foi bom para nós? O número de mulheres aidéticas aumenta a cada dia, o número de mulhres envolvidas no crack da mesma forma, será que o que é melhor a burka das mulçulmanas que preservam a sua intimidade ou a Carla Perez que pra fazer sucesso tinha que simular relação sexual com uma garrafa em frente a uma multidão pra ganhar dinheiro? Será que conquistamos liberdade ou nos tornamos mais escravas do que nunca???!!!"
Mulheres que se drogam e que dependem afetiva e sexualmente dos homens sempre existiram, isso não é um fenômeno contemporâneo e não tem relação com a liberdade.(Veja por exemplo aqui sobre mulheres viciadas no século XIX)
Outro aspecto importante. Não é possível julgar a liberdade da Carla Perez comparando-a com a burka das mulheres de religião islâmica. Aí se trata de culturas diferentes, com valores diferentes. Colocar desta forma é generalizar culturas por sua caricatura e isso, no mínimo, não é correto. Se assim fosse eu poderia dizer que a religião que impõe a burka (e por sua vez, a obediência) é a mesma que decepa a mão de um ladrão (e por sua vez, a violência)...
A sociedade que permite a liberdade a Carla Perez de passar essa imagem de mulher é também a que me dá liberdade de produzir outros modelos, como o de Doris Lessing, Clarice Lispector, Nélida Piñon (Ou para ficarmos apenas nas atrizes e cantoras nacionais: Fernanda Montenegro, Mônica Salmazo ou Letícia Sabatella) E é essa liberdade que me permitirá ensinar a minha filha qual a imagem de feminino que pode ser mais adequada para sua própria liberdade e respeito por si mesma.
Prá finalizar, o importante é atentarmos que ainda não descobrimos uma forma de viver em sociedade que seja perfeita, sem problemas sociais. Contudo, nossa história nos ensinou algumas coisas que não podemos descartar. E uma delas é a liberdade. Viver em liberdade é algo que não podemos abrir mão. É uma conquista resultante de muitos anos, que engoliu muitas gerações.
Uma coisa é você ser mulher e poder optar entre ser dona de casa, rainha do lar e do marido. Tudo bem. Outra coisa é você viver em uma sociedade em que essa é a única condição para seu futuro de mulher.
É claro que existem muitas mulheres em condições sociais desumanas onde não existe possibilidade de escolha. Mas essas são situações afetam também os homens. São pessoas que vivem condições desumanas, que estão na esfera dos problemas sociais. O que estamos tratando aqui é de princípios humanos mais gerais.
Reafirmo que a gracinha da tal senhora (do programa matinal da Globo) foi infeliz por que trocar a liberdade por prato de comida não é uma opção válida. Não é uma opção que se coloque. Ela é moral e eticamente inadequada.
“Atendo muitas mulheres em meu consultório, infelizes por não poderem ser mães de verdade de seu filhos, mulheres sofridas e estressadas por terem que encarar tantas dificuldades fora de casa, elas só queriam ser pessoas e mães, mas agora são apenas trabalhadores, que só cabe na frieza e indelicadeza dos seres do sexo masculino, muitas mulheres só queriam ser mulher mas não ocupar o espaço dos homens”.
Essa situação, de trabalharem demais e não poderem se dedicar ao lar e aos filhos em nada tem a ver com a condição contemporânea da liberdade feminina. Apenas como um exemplo, basta lembrar das mulheres no campo, do passado e algumas do presente. Fiquemos com as do passado, já que o tema é sobre as mulheres antes e depois do feminismo. Mulheres do campo do século XIX. Interior do Rio Grande do Sul. O cotidiano dessas mulheres era de acordar muito cedo (4 da matina), fazer o pão, iniciar o almoço, preparar a casa e os equipamentos para o trabalho no campo. O homem acordava pouco tempo depois, comia o seu desjejum previamente preparado e seguia com a mulher para o trabalho na agricultura. As crianças (sempre mais de três) ficavam aos cuidados de uma mulher mais velha (uma avó) ou de uma criança mais velha (geralmente uma menina a partir dos oito anos). Algumas mulheres levavam o almoço, outras esperavam que uma das crianças trouxesse a comida. O final do trabalho era sempre quando a luz do sol não permitia mais a presença no campo. A mulher, mãe e esposa, chegava a casa e ainda dava conta da demanda doméstica (que nem vou listar aqui e que dá para imaginar). O marido ia primeiro para a cama, enquanto ela terminava o serviço. Enfim, ela era a primeira a levantar e a última a ir dormir. Quando via os filhos? Quando curtia sua casa? O destino de suas filhas não seria outro a não ser este.
Outro trecho da leitora:
"Vejo hoje muitas de nós nos butecos enchendo a cara até amanhecer o dia e mendigando homens, será que essa falsa "liberdade" foi bom para nós? O número de mulheres aidéticas aumenta a cada dia, o número de mulhres envolvidas no crack da mesma forma, será que o que é melhor a burka das mulçulmanas que preservam a sua intimidade ou a Carla Perez que pra fazer sucesso tinha que simular relação sexual com uma garrafa em frente a uma multidão pra ganhar dinheiro? Será que conquistamos liberdade ou nos tornamos mais escravas do que nunca???!!!"
Mulheres que se drogam e que dependem afetiva e sexualmente dos homens sempre existiram, isso não é um fenômeno contemporâneo e não tem relação com a liberdade.(Veja por exemplo aqui sobre mulheres viciadas no século XIX)
Outro aspecto importante. Não é possível julgar a liberdade da Carla Perez comparando-a com a burka das mulheres de religião islâmica. Aí se trata de culturas diferentes, com valores diferentes. Colocar desta forma é generalizar culturas por sua caricatura e isso, no mínimo, não é correto. Se assim fosse eu poderia dizer que a religião que impõe a burka (e por sua vez, a obediência) é a mesma que decepa a mão de um ladrão (e por sua vez, a violência)...
A sociedade que permite a liberdade a Carla Perez de passar essa imagem de mulher é também a que me dá liberdade de produzir outros modelos, como o de Doris Lessing, Clarice Lispector, Nélida Piñon (Ou para ficarmos apenas nas atrizes e cantoras nacionais: Fernanda Montenegro, Mônica Salmazo ou Letícia Sabatella) E é essa liberdade que me permitirá ensinar a minha filha qual a imagem de feminino que pode ser mais adequada para sua própria liberdade e respeito por si mesma.
Prá finalizar, o importante é atentarmos que ainda não descobrimos uma forma de viver em sociedade que seja perfeita, sem problemas sociais. Contudo, nossa história nos ensinou algumas coisas que não podemos descartar. E uma delas é a liberdade. Viver em liberdade é algo que não podemos abrir mão. É uma conquista resultante de muitos anos, que engoliu muitas gerações.
Uma coisa é você ser mulher e poder optar entre ser dona de casa, rainha do lar e do marido. Tudo bem. Outra coisa é você viver em uma sociedade em que essa é a única condição para seu futuro de mulher.
É claro que existem muitas mulheres em condições sociais desumanas onde não existe possibilidade de escolha. Mas essas são situações afetam também os homens. São pessoas que vivem condições desumanas, que estão na esfera dos problemas sociais. O que estamos tratando aqui é de princípios humanos mais gerais.
Reafirmo que a gracinha da tal senhora (do programa matinal da Globo) foi infeliz por que trocar a liberdade por prato de comida não é uma opção válida. Não é uma opção que se coloque. Ela é moral e eticamente inadequada.
sábado, 3 de novembro de 2007
Na maternidade
Hoje fomos visitar os novos bebês que nasceram na maternidade Santa Maria das Graças. Eles nasceram dia 31. Cinco! Quase todos pretos, somente um parece ter uma cor amarronzada que tende para o negro. Muito significativo gatos pretos nascendo no dia das bruxas, em? Achei o máximo.
Minha loira aqui reivindicou um. Assim a família aumentará.
Vamos acompanhar o crescimento dos pimpolhos.
Minha loira aqui reivindicou um. Assim a família aumentará.
Vamos acompanhar o crescimento dos pimpolhos.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Quando é melhor ficar calada
Noite ruim. Ontem minha filhota, minha loirinha-tudo-de-bom, amanheceu doentinha. O dia inteiro com náuseas e vômitos. A noite foi de acordar várias vezes para atendê-la. Felizmente ela acorda um pouco melhor. Eu, meio sonâmbula. Faço um café para acordar. Adoro café. Viva o café. Como tantos outros, meu dia só começa depois da primeira xícara de café.
Como o dia começou anormal (Levantei mais tarde do que de costume), liguei a televisão. Calhou de ser no final do programa da Ana Maria Braga (Globo). Calhou de ser no momento em que ela iria narrar a mensagem final do programa para esse dia de finados. E era uma dessas mensagens chinfrins que querem parecer originais. Em resumo fazia supor ser uma fala de uma mulher moderna que reclama de sua condição de mulher moderna e põe a culpa nas feministas. Se elas não tivessem reivindicado a igualdade social de gênero, as mulheres hoje continuariam sendo as ‘Amélias’ do passado, submissas aos homens e felizes. Felizes por não precisarem assumir as tantas responsabilidades que hoje lhe são exigidas. Assim a idéia é a de as mulheres submissas do passado eram felizes e as de hoje não. E a culpa desse estado das coisas é das feministas que mudaram o que não deveria ser mudado.
Quanta besteira, né? Pra que dizer tanta asneira? E no dia de finados? Não entendi.
Caramba! Fico pensando quantas mulheres assistem a esse besteirol toda manhã...
Dizer que as mulheres submissas do passado eram mais felizes que as atuais é o mesmo que dizer que viver em liberdade é pior do que viver sob a tutela do outro. A liberdade traz o ônus da responsabilidade. Mas esse ônus é infinitamente melhor do que não ter liberdade.
Claro que a senhora Ana Maria Braga (mulher bem sucedida e feliz, por ser moderna e, portanto, livre) estava só tentando fazer uma graça com esse texto sem graça.
Melhor seria se tivesse ficado calada.
terça-feira, 30 de outubro de 2007
Visitas
De vez em quando a gente recebe visitas.
Até ano passado tínhamos uma vizinha chamada Nina.
Ela entrava, nos cumprimentava, deitava no chão, no sofá. Comia a comida do Feel, cochilava um pouco e depois ia embora. No final do ano ela se mudou. Sentimos falta.
Meses atrás descobrimos essa linda de olhos verdes. Ela mora perto da padaria, mas não sabemos com quem. Adora ficar no colo e tem um jeito estranho de demonstrar carinho. Morde a gente (mas sem machucar)!
É o primeiro felino que conheço que gosta de ficar tanto tempo no colo da gente.
Até ano passado tínhamos uma vizinha chamada Nina.
Ela entrava, nos cumprimentava, deitava no chão, no sofá. Comia a comida do Feel, cochilava um pouco e depois ia embora. No final do ano ela se mudou. Sentimos falta.
Meses atrás descobrimos essa linda de olhos verdes. Ela mora perto da padaria, mas não sabemos com quem. Adora ficar no colo e tem um jeito estranho de demonstrar carinho. Morde a gente (mas sem machucar)!
É o primeiro felino que conheço que gosta de ficar tanto tempo no colo da gente.
sábado, 27 de outubro de 2007
FEEL
Da última ao primeiro. Falei deles sempre citando o Feel por tabela. Costelinha, Yam e Rita estão há menos de um ano conosco. Feel chegou em 2004. Já tínhamos o cachorro, Churek (um pinscher número ‘um’ que eu acho meio chato, mas ele é a paixão da filhota, então nem reclamo muito). A desculpa para o gato veio numa manhã de primavera na cozinha.
Enquanto tomava o café da manhã supus ter visto um rato entrar no pequeno vão entre a parede e o armário de imbuia. Parafraseando o Piu-piu, eu me disse “Acho que eu vi um ratinho.”
A dúvida é uma angústia insuportável. Mais insuportável que o nojo. E eu tenho nojo de ratos. Nojo por que na classificação doméstica eles entram na categoria de insetos. Ou seja, aqueles seres minúsculos, parasitas, que causam doenças, que contaminam o ambiente e que são nojentos. Mas não são insetos e são (do ponto de vista doméstico) só por que são maiores, tem pelos e rabo e... (argh!) Vísceras e sangue que se espalham por tudo quando tentamos matá-los da mesma forma que os demais insetos. Enfim, eles estão na liminaridade. E talvez justamente por isso são infinitamente mais nojentos (eu já disse que eles são nojentos? Parece que a repetição é a única maneira de traduzir a impressão repugnante que causam). E eles podem trazer a peste! Doença tabu do ocidente.
Bem, diante da dúvida, fui lá, abaixei-me e olhei. Ajustei o foco para poder enxergar algo na escuridão do pequeno vão de dois por dois e meio centímetros. E havia algo no vão que impedia que a luz atingisse meus olhos a formar o retângulo esperado. Só era possível ver pequenos triângulos de luz em quatro pontos indicando haver algo redondo entre o móvel e a parede. Pavor, pavor, pavor!
Abri a porta da cozinha, peguei o cabo de uma vassoura velha, introduzi-o por um lado do móvel e cutuquei a coisa redonda no vão. Se fosse um rato, sairia pelo outro lado, atravessaria a porta aberta e fugiria para o jardim. Ao colocar o cabo, ouvi aquele som típico emitido por esses insetos-mamíferos. Corri para a porta e consegui vê-lo fugir pela grama, atravessar as grades do portão, atingir a calçada, atravessar a rua e sumir no bueiro. Fiquei espantada com a velocidade e o tamanho dele. Era minúsculo! Inseto maldito!
Ai, o dia não começava bem. E morar naquela casa não começava bem, pois acabava de me mudar.
O problema estava instalado. Eu não o havia resolvido por que apenas o espantara. Certamente ele voltaria. E eu não conseguia matar ratos, nem diretamente, nem com armadilhas (envenenamento nem entra como opção – sou radicalmente contra a presença desse tipo de coisa em uma casa). Eu mato um monte de coisas (reparem que eu os denomino como coisas, são coisas animadas) sem drama: aranha, formiga, mosquito, barata... (Cobra já matei, mas acho que hoje não mataria. Não por falta de coragem, mas por admiração que passei a ter por elas). Mas rato não dá. O nojo me impede.
Fiz minha primeira pesquisa na vizinhança e o resultado foi ruim. Os camundongos fazem parte da fauna local e volta e meia entram nas casas.
Não demorei muito para resolver. Sentenciei: Vamos ter um gato! Urgente!
Após alguns telefonemas, conheci a SPAM e uma das suas associadas me presenteou com esse delicioso gato amarelo.
Muitos me disseram que não adiantaria nada, que os ratos não deixariam de invadir minha casa. Entretanto, desde que o Feel chegou, nenhum ousou. Agora então, com quatro gatos, nenhuma chance. Rá!
RITA
Bem eu falei de Costelinha, de Yam. Costelinha em uma semana, Yam em outra. Tudo parecia perfeito e harmonioso. Dois amiguinhos para o Feel. Mas... sempre tem um ‘mas’, não é? Um ou mais. Neste caso é o segundo ‘mas’, caramba!
Graça (vizinha, amiga, colega de trabalho e felinéfila – acho que a palavra não existe, né? Mas é isso mesmo, ela é apaixonada por gatos e atualmente vive com 12 deles) me liga e diz que precisa me pedir algo. Espero o pedido: Ela acabara de resgatar uma gatinha que tinha sido jogada em um terreno baldio no nosso bairro. Não havia como deixar a pequenina abandonada à própria sorte, mas também não poderia adotar mais um felino. Assim, me pedia para ficar com ela. Ai caramba! Mas eu também já estava lotada! (...) Para encurtar a história, ela veio e ficou. Mais uma. Um pouco maior que Yam. Eu achei os seus olhos um tanto tristes e me lembrei de uma oncologista que tinha um olhar parecido. E eu gostei tanto dessa médica (um dos poucos profissionais da área que admiro). Assim, a gata ficou com o nome da médica: Rita.
Rita é a esperta do grupo. Avalia tudo muito bem, não se apavora (como Costelinha) nem é ansiosa (como Yam, sempre apressado!). Mas tem o que considero um problema, é muito auto-confiante. Não se preocupa com as pessoas. Qualquer um pode se aproximar, fazer um chamego e ela já se sente dona da situação. Um perigo!
Tem um porte pequeno, elegante e a mais silenciosa de todos. Um doce!
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Conversa alheia
Por uma dessas inconveniências da vida, estava próxima de mãe e filha.
A primeira, com aparência uns 30 anos, a segunda, uns 6. A segunda ameaçava desobedecer a primeira. A primeira repetiu a advertência: Você vai se machucar!
A menina: "Eu vou lá."
A mãe, derradeira: "Já lhe disse. Não desobedeça a mãe, senão você vai ser infeliz."
Por sorte eu já me afastava, pois me assustei um pouco com a frase final. Achei tão forte a afirmação em tom de ameaça: ...senão você vai ser infeliz.
Saí pensando na repercussão psíquica da frase naquela menina daqui há alguns anos, ainda mais porque parece ser algo dito recorrentemente pela mãe.
Saio pensando no valor simbólico das palavras...
Enfim, essas coisas que adultos fazem com crianças e depois não entendem porque certos adolescentes e jovens são como são.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
O embrulhinho de novecentos
E se lhe surgisse assim, do nada, R$ 900,00? Isso mesmo: novecentos reais em notas! Tá, não é muito... Mas pode ajudar a pagar uma conta pendurada, comprar aquele sonhozinho de consumo há tempos adiado, financiar parte daquela festinha planejada, ou viagem, ou pagar o conserto daquele eletrodoméstico encostado etc. Ou seja, não faltam destinações, sempre urgentes, para novecentos reais gratuitos, caídos do céu.
Pois é, e esses novecentos apareceram para uma colega da universidade, a Isabel.
Ela foi levar o filho para uma atividade física num local da av. Mandacaru. Para não ficar parada esperando o filho, resolveu dar uma voltinha na redondeza.
Na calçada do ponto de ônibus, próximo à delegacia da Mulher, minha amiga chuta um pequeno embrulho. Intrigada com sua forma e tamanho, ela resolve abaixar e investigar. Ao abrir, eis o tesouro: novecentos reais!
Dias depois encontro-me com ela na universidade. Queria conversar coisas importantes de trabalho. Perguntei-lhe: Você tem um tempinho agora?
Tinha.
Mas toca seu celular. É da delegacia da Mulher. (Estranhei...)
Alguém quer encontrá-la e lhe pergunta se poderia ser naquele momento. Ela responde afirmativamente. Parece algo urgente...
Minha possibilidade de conversa vai para o ralo.
Uma tal de Dona Maria precisa muito vê-la.
Quando ela desliga é que conheço a história dos novecentos reais.
Ao encontrar o dinheiro, ela foi até a delegacia da Mulher e pediu à delegada de plantão que a ajudasse a encontrar o dono do dinheiro. A delegada não queria esse trabalho, fez-lhe a recomendação: “Minha filha, você achou o dinheiro na rua, ele é seu por direito, vá usá-lo como quiser.” Resposta: “Eu quero usar devolvendo-o para quem o perdeu.”.
Sem alternativa, a delegada procurou o quase-desafortunado.
Aquela ligação confirmava o encontro da pessoa. D. Maria, funcionária aposentada da universidade perdeu o embrulhinho dos novecentos no ponto de ônibus, ao subir no coletivo. Ao perceber a perda, desespero, culpa, dor... Até o telefonema improvável da delegada com a notícia que seu dinheiro seria devolvido integralmente!
A delegada já havia feito a devolução, mas D. Maria estava naquela tarde na universidade à procura de Isabel. Precisava agradecer pessoalmente.
Então Isabel foi receber o abraço. Pergunta-me se eu queria ir lá, "chorar junto". Imaginei o quão emocionante não seria o encontro. Mas declinei. O encontro cabia somente as duas e minha conversa poderia esperar.
Histórias assim são relativamente comuns, embora raramente contadas.
Senti um orgulho besta por Isabel. Feliz por conhecê-la, por conhecer essa história cotidiana, mas cheia de sentimentos bons.
Ganhei o dia.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Ideologia Arboreofóbica
Estive numa festinha de crianças nesse fim de semana. E lá, entre salgadinhos, docinhos e refrigerantes em um local agradabilíssimo (porque em um ambiente repleto de árvores) os adultos começaram a falar de chuva e de árvores.
Foi um final de semana com chuva, muito bem vinda, aliás, pois a cidade estava sedenta dela. Na conversa, lembraram-se de outros períodos chuvosos e dos acidentes com árvores caídas na cidade. Logo percebi uma certa unanimidade do grupo na qual as árvores são perigosas. Foram-se somando argumentos como o de que a maioria das árvores está doente, não há mais um serviço público de qualidade para avaliar e fazer a manutenção das mesmas, que era um perigo muito grande andar de carro em dias de chuva na cidade porque as árvores estão muito grandes etc.
Fiquei intrigada com esse olhar tão negativo para as árvores da nossa cidade. Tá certo que tratava-se de um grupo pequeno e nada representativo, mas eu acabei somando esses pontos de vista com o que a imprensa costuma informar sobre o tema. E as abordagens são predominantemente negativas. Árvores doentes, árvores que caem e ameaçam a vida e o patrimônio dos moradores, árvores que sujam as calçadas, árvores que não são podadas etc.
Há mesmo uma ideologia contra as árvores em Maringá. E não pode haver maior absurdo do que esse, pois a cidade, sem elas, seria insuportavelmente quente! Qualquer ser humano percebe isso, basta andar por uma rua sem elas em um dia de verão.
Árvore também se transformou em um poluidor visual para o comércio, não? Opa! Não só para esse setor, mas também para igrejas e outros monumentos arquitetônicos de beleza ‘cimental’ duvidosa...
Tenho uma amiga que mora em um condomínio fechado em que a maioria dos moradores decidiu cortar todas as árvores dali que estivessem na área coletiva. Só restou uma árvore, que fica na área privada da casa dessa amiga. Agora, nos dias quentes, todos os carros das visitas do condomínio disputam a única sombra que há... Absurdo! As árvores lá foram cortadas baseadas em argumentos higienizantes: as árvores sujam muito as calçadas, atraem animais (como morcegos, ui!) etc...
Árvore e chuva
Bem, a experiência de ser arqueóloga e antropóloga me fez aprender algumas regras de andar na mata. Uma delas é a de que, se uma chuva torrencial lhe pega no meio de uma caminhada na mata, a primeira coisa a fazer é procurar o lugar mais alto e mais distante dos cursos d’água (sabe como é, um filete de água pode se transformar em um rio em pouco tempo). A segunda coisa é ficar quietinha, nada de prosseguir na caminhada, pois a chuva provoca mesmo a queda de galhos. E ser alvo deles pode ser fatal.
Obviamente, transportei esse saber para essa cidade, deliciosamente cheia de árvores. Assim, quando chove torrencialmente, não dirijo. Simples.
Não dá para evitar? Então trafegue pelas vias com menos árvores, dirija devagar e tenha o seguro do carro em dia.
Socorro!! Árvore não é problema, é solução! Ela dá algum trabalho? Dá, mas tudo na vida dá trabalho. Ela não representa um ônus. O que ela demanda deve ser encarado como investimento e não ônus. A sua ausência sim, é um ônus.
Sabe o que eu penso? Penso que esse discurso recorrente contra as árvores é mesmo uma ideologia de um liberalismo do mais tacanho possível. E de onde vem o liberal? Vem dessa característica de desqualificar tudo o que é público. Sucatear o público. Disso entendemos bem, saúde: sucateada. Educação: sucateada... As árvores são públicas, não? Então vai-se minando sua manutenção. Não há investimento no serviço público para podá-las, recolher folhas e galhos caídos, verificar sua saúde, substituí-las (e não suprimi-las) etc. A cidade cresce, aumenta o número de árvores, aumenta o número de contribuintes, mas não o investimento na infra-estrutura da cidade – incluindo as árvores.
Enfim, o sucateamento começa com a desqualificação das árvores. Nos discursos da imprensa e do governo municipal, elas aparecem como um problema, um entrave para a cidade. Emerge uma ideologia arboreofóbica e ela já contamina os incautos com eficiência.
O que fazer?
domingo, 14 de outubro de 2007
sábado, 13 de outubro de 2007
GATOS E MAIS GATOS
Confesso que não conheço a Lessing, escritora ganhadora do Nobel de literatura.
Fui dar uma olhada geral nos seus livros. E que surpresa boa saber que um deles tem os gatos como eixo condutor da narrativa. Fiquei muito interessada.
Assim, tá aí a dica de presente para mim de final de ano. He he he!
Apreciarei muito.
CHE E A ESPERANÇA
Quando meu marido, com um angiosarcoma no pericárdio (a feiúra da nominação indica a gravidade da doença – incurável), encontrava-se no que parecia ser seus últimos dias de vida, procurei ajuda psicoterápica para enfrentar o momento. Uma das coisas que me marcou dessas sessões de análise foi uma observação feita pela terapeuta. Ela me disse que eu precisa ter esperança, ter esperança em algo. Claro que ela não falava na ilusão de que ele sobreviveria à doença. Ela falava de esperança na vida. Aquilo para mim foi a revelação de uma chaga imensa. Sim, eu não tinha esperança. E eu não entendia como seria possível produzir uma esperança. O homem que eu amava em breve não estaria mais comigo e aquilo era devastador. Eu não entendia o que era esperança, não entendia a idéia, o conceito.
Bem, esperança vem de esperar? Parece que sim. Mas não é um esperar passivo. Esperança é um investimento no futuro. É apostar nele.
Hoje eu vejo que essa experiência particular é reveladora do quanto eu sou uma pessoa do meu tempo. Isso quer dizer que as pessoas dessa geração (atual) se caracterizam pela desesperança. Não há crença no futuro e, portanto, não se investe nele. O investimento é no agora.
Tá, e o que tudo isso tem a ver com Guevara?
Bem, tem a ver com o que Guevara representou para mim na adolescência. Guevara foi um símbolo de pessoa, um ídolo. Eu fui uma das muitas apaixonadas por Che. Aos 14 anos li uma biografia e um dado diário que se dizia seu (não sei se era mesmo)que me impactaram...
Hoje se fala que Guevara era um idealista. E ao dizer idealista se infere “um insano, um tolo, um ingênuo, um alguém-que-não-se-deve-levar-a-sério...”
Eu concordo que ele foi um idealista, porém não vejo nisso nada de pejorativo.
Ser idealista é fundamental.
O idealismo dele foi um dos alimentos para a produção da minha esperança em mim na adolescência. Sem esse combustível não teria enfrentado os obstáculos da vida.
Sou cientista social, antropóloga que lida com populações indígenas... Todo cientista social que se preza é um tanto idealista.
Gente, quando saiu Diários de Motocicleta (Walter Salles) eu chorei de me acabar. Voltei aos 14!
Hoje ainda me pergunto onde posso resgatar a esperança e lembrar a importância de Che na minha trajetória ajuda bastante nessa reflexão.
Os liberais ficam loucos com a sobrevivência do herói Guevara, né? (vide revista Veja – eca! Cuspe-cuspe!!) E pressinto que essa sobrevivência será longa.
Eu de minha parte já conto versões simplificadas e encantadoras do herói para minha filhota (hééé!!!).
As viúvas de Che são muitas. Ainda bem!
GUEVARA
Eu não aprecio muito a prática de colar textos dos outros. Contudo, o fiz agora porque achei o texto abaixo muito apropriado para um desejo das últimas semanas. Pensava em como homenagear, aqui, meu ídolo da adolescência, o Che. E escolhi esse texto (tirei daqui) porque gostei muito. A partir de Guevara, ele faz críticas pertinentes sobre gente que escreve e faz besteiras na imprensa nacional. Um texto combatente é a melhor homenagem.
Vamos ao texto:
“Quando publicarem a dor e a coragem, terão que publicar o amor “
Laerte Braga
Ernesto Rafael Guevara de La Serna viveu e morreu com a dignidade que nem VEJA e nem o Civita, mafioso que preside o grupo que edita a revista, jamais tevera em qualquer momento. VEJA é venal, mentirosa e representa interesses de uma república dentro do Brasil, a FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), uma espécie de país vizinho que fala a mesma língua.
VEJA é a imagem do CANSEI, movimento de escravocratas mineiros e paulistas, dondocas aflitas e desesperadas e da chamada classe “mérdia”. A que não é e nem consegue ser.
É como a GLOBO. A cabeça da GLOBO pode ser sintetizada no episódio envolvendo o diretor do prostíbulo em casa, o Big Brother. O dito cujo ao lado da socialite Narcisa Tamborindeguy, monumento das elites ao vazio, ao não ser nada, injetava éter (como será que conseguia?) em centenas de ovos e escondido da janela do apartamento de um dos boys ou girls da turma se deliciavam atirando-os nas “vagabundas” que passavam pela rua.
Um grupo de rapazes criados com todo o “esmero” global, todos os cuidados informativos de VEJA, a turma dos condomínios fechados, baixou num ponto de ônibus e a pretexto de justiçar uma “vagabunda”, agrediu uma trabalhadora. Roubaram-lhe sessenta reais e um celular para comprar drogas.
O pai de um deles disse que o filho não podia ficar detido junto com presos comuns, pois era estudante de direito. Não disse mais uma palavra depois que ficou provado que a prática era comum. “Vagabundas” eram justiçadas todos os dias pela droga dos filhos dos condomínios fechados.
VEJA é podre. Quando da queda do avião da TAM o robô que apresenta o JORNAL NACIONAL, o tal que disse que “nosso público é como Homer Simpson” (um sujeito simplório que exerce uma função de importância numa agência nuclear e se deixa iludir e enganar com a maior facilidade), sofreu uma crise de chip ao transmitir a notícia, na tentativa de mostrar que a falta de ranhuras em Congonhas tinha provocado o acidente, pois o AIRBUS teria aquaplanado.
Em dois dias a mentira estava desfeita e o moço ganhou férias de uns cinco dias para não desgastar a imagem de mentiroso das oito e pouco da noite de segunda a sábado.
No domingo, a capa de VEJA era a seguinte: “O PILOTO FOI O CULPADO”. Nenhum respeito por coisa alguma, ou quem quer que seja, no afã de servir aos que pagam e compram a revista para publicar o que querem. Imunda.
Duas semanas depois a “caixa preta” mostrou que o acidente foi provocado por falha numa das turbinas, falha no reverso, a manutenção era precária na TAM e o piloto e o co-piloto haviam tomado todas as atitudes necessárias e corretas à situação.
Nem uma palavra de desculpas. A TAM é uma das empresas que compram VEJA. É uma empresa que anuncia em VEJA.
Há centenas de relatos e biografias de Chê em todas as partes do mundo. O rosto de Chê virou lucro para o capitalismo de cada dia. Por que tentar transformá-lo em vilão agora, cinqüenta anos depois de sua morte?
Só o setor do governo do Texas que comprou a revista, a matéria, em VEJA várias publicações sórdidas em todo o mundo pode explicar.
Chê ultrapassa seu tempo. Torna-se exemplo para uma juventude que vê diariamente as mentiras globais e aprende a matar nos jogos de vídeo e computador.
A morte asséptica da tortura nas prisões do Iraque, no campo de concentração de Guantánamo, ou no documento recém divulgado pelos próprios jornais independentes do Texas (ex EUA) em que o líder terrorista da Organização Casa Branca autoriza o uso de “técnicas aprimoradas de interrogatórios”. Tapas no rosto, exposição contínua a baixas temperaturas e afogamentos simulados.
A presença cada vez maior de Guevara incomoda. Claro. Em quem o jovem vai buscar inspirar-se? Em Renan Calheiros? Em Fernando Henrique Cardoso? Em José Serra? Em Aécio Neves? Num presidente que sobrevive engolindo sapos e largando compromissos ao Deus dará como Lula? Em Boninho e seus ovos podres? Em Mônica Veloso que fez tudo para “garantir” o futuro do filho, “preservá-lo” e foi parar nas páginas da PLAYBOY?
Em Antônio Ermírio de Moraes, “paladino” do progresso que vê o Parlamento da Suécia aprovar uma lei determinando que Estado venda as ações da ARACRUZ por práticas criminosas contra pessoas e contra o ambiente?
Nos heróis e vilões da GLOBO?
O modelo está falido. Tentar reduzir Guevara a adjetivos que interessam aos “donos”, aos senhores feudais da Idade Média da Tecnologia é parte de um processo de diluição do ser humano, de seus valores, de transformação desse ser em objeto, em mercadoria.
Roberto Requião, ao término das apurações no Paraná, onde foi reeleito governador com frente mínima, desabafou: “a senhora Miriam Leitão é mentirosa e mentiu com dolo no caso do Porto de Paranaguá. O senhor Pedro Bial é mentiroso e escolheu um terminal privado para tentar mostrar que o governo do estado não cuidava do porto para atender a interesses de privatização e dos plantadores de soja transgênica”.
Ambos engoliram em seco porque são mentirosos. Não importam os fatos, importam as versões que atendam aos interesses dos que pagam (bancos, grandes corporações, governo do Texas, FIESP (uma espécie de delegacia texana por aqui, algo como a agência Pinkerton).
A presença de Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa mostrando uma alternativa à verdade absoluta das franquias texanas ao resto do mundo incomoda. Palestinos lutando por liberdade e por sua terra incomodam. Iranianos buscando com um governo eleito pelo voto direto no único país árabe onde as mulheres votam incomodam.
Não é só VEJA que está procurando demolir a imagem de coragem de Guevara. São revistas e jornais da imprensa marrom no mundo inteiro, parte da sociedade de espetáculo, onde o show é formado de vários esquetes e o ser é tratado como um abjeto objeto sem o menor respeito.
O dia que a mídia for livre, isso mesmo, livre, e publicarem a dor e a coragem, terão que publicar o amor.
Guevara vive porque foi o oposto dessa podridão que gera Calheiros aqui. Calheiros no Paquistão. Calheiros na Argentina. Esses caras não suportam imaginar que possa existir quem se lhes seja exatamente o contrário.
Quanto o grupo que edita VEJA perdeu ao não conseguir vencer as concorrências para a edição de livros didáticos para as escolas públicas do País inteiro? FHC saiu e as fraudes ficaram mais difíceis. Pelo menos isso.
Como foram as operações do grupo com estrangeiros em violento desrespeito à legislação brasileira e agora tentam a todo custo evitar uma CPI para apurá-las?
A lavagem de dinheiro no “negócio”.
VEJA não fala nada de graça e nem publica. É tudo uma questão de tabela.
E a GLOBO também.
A matéria sobre Guevara é mais que um achincalhe mentiroso. É parte do processo de desrespeito total e absoluto à verdade e ao ser humano, com objetivos claros de manter ativos os “negócios”.
Um detalhe. Se o dono da VEJA pisar em solo italiano vai preso por fraudes financeiras. Mafioso.
A frase do título é de Fernanda Tardin.
Vamos ao texto:
“Quando publicarem a dor e a coragem, terão que publicar o amor “
Laerte Braga
Ernesto Rafael Guevara de La Serna viveu e morreu com a dignidade que nem VEJA e nem o Civita, mafioso que preside o grupo que edita a revista, jamais tevera em qualquer momento. VEJA é venal, mentirosa e representa interesses de uma república dentro do Brasil, a FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), uma espécie de país vizinho que fala a mesma língua.
VEJA é a imagem do CANSEI, movimento de escravocratas mineiros e paulistas, dondocas aflitas e desesperadas e da chamada classe “mérdia”. A que não é e nem consegue ser.
É como a GLOBO. A cabeça da GLOBO pode ser sintetizada no episódio envolvendo o diretor do prostíbulo em casa, o Big Brother. O dito cujo ao lado da socialite Narcisa Tamborindeguy, monumento das elites ao vazio, ao não ser nada, injetava éter (como será que conseguia?) em centenas de ovos e escondido da janela do apartamento de um dos boys ou girls da turma se deliciavam atirando-os nas “vagabundas” que passavam pela rua.
Um grupo de rapazes criados com todo o “esmero” global, todos os cuidados informativos de VEJA, a turma dos condomínios fechados, baixou num ponto de ônibus e a pretexto de justiçar uma “vagabunda”, agrediu uma trabalhadora. Roubaram-lhe sessenta reais e um celular para comprar drogas.
O pai de um deles disse que o filho não podia ficar detido junto com presos comuns, pois era estudante de direito. Não disse mais uma palavra depois que ficou provado que a prática era comum. “Vagabundas” eram justiçadas todos os dias pela droga dos filhos dos condomínios fechados.
VEJA é podre. Quando da queda do avião da TAM o robô que apresenta o JORNAL NACIONAL, o tal que disse que “nosso público é como Homer Simpson” (um sujeito simplório que exerce uma função de importância numa agência nuclear e se deixa iludir e enganar com a maior facilidade), sofreu uma crise de chip ao transmitir a notícia, na tentativa de mostrar que a falta de ranhuras em Congonhas tinha provocado o acidente, pois o AIRBUS teria aquaplanado.
Em dois dias a mentira estava desfeita e o moço ganhou férias de uns cinco dias para não desgastar a imagem de mentiroso das oito e pouco da noite de segunda a sábado.
No domingo, a capa de VEJA era a seguinte: “O PILOTO FOI O CULPADO”. Nenhum respeito por coisa alguma, ou quem quer que seja, no afã de servir aos que pagam e compram a revista para publicar o que querem. Imunda.
Duas semanas depois a “caixa preta” mostrou que o acidente foi provocado por falha numa das turbinas, falha no reverso, a manutenção era precária na TAM e o piloto e o co-piloto haviam tomado todas as atitudes necessárias e corretas à situação.
Nem uma palavra de desculpas. A TAM é uma das empresas que compram VEJA. É uma empresa que anuncia em VEJA.
Há centenas de relatos e biografias de Chê em todas as partes do mundo. O rosto de Chê virou lucro para o capitalismo de cada dia. Por que tentar transformá-lo em vilão agora, cinqüenta anos depois de sua morte?
Só o setor do governo do Texas que comprou a revista, a matéria, em VEJA várias publicações sórdidas em todo o mundo pode explicar.
Chê ultrapassa seu tempo. Torna-se exemplo para uma juventude que vê diariamente as mentiras globais e aprende a matar nos jogos de vídeo e computador.
A morte asséptica da tortura nas prisões do Iraque, no campo de concentração de Guantánamo, ou no documento recém divulgado pelos próprios jornais independentes do Texas (ex EUA) em que o líder terrorista da Organização Casa Branca autoriza o uso de “técnicas aprimoradas de interrogatórios”. Tapas no rosto, exposição contínua a baixas temperaturas e afogamentos simulados.
A presença cada vez maior de Guevara incomoda. Claro. Em quem o jovem vai buscar inspirar-se? Em Renan Calheiros? Em Fernando Henrique Cardoso? Em José Serra? Em Aécio Neves? Num presidente que sobrevive engolindo sapos e largando compromissos ao Deus dará como Lula? Em Boninho e seus ovos podres? Em Mônica Veloso que fez tudo para “garantir” o futuro do filho, “preservá-lo” e foi parar nas páginas da PLAYBOY?
Em Antônio Ermírio de Moraes, “paladino” do progresso que vê o Parlamento da Suécia aprovar uma lei determinando que Estado venda as ações da ARACRUZ por práticas criminosas contra pessoas e contra o ambiente?
Nos heróis e vilões da GLOBO?
O modelo está falido. Tentar reduzir Guevara a adjetivos que interessam aos “donos”, aos senhores feudais da Idade Média da Tecnologia é parte de um processo de diluição do ser humano, de seus valores, de transformação desse ser em objeto, em mercadoria.
Roberto Requião, ao término das apurações no Paraná, onde foi reeleito governador com frente mínima, desabafou: “a senhora Miriam Leitão é mentirosa e mentiu com dolo no caso do Porto de Paranaguá. O senhor Pedro Bial é mentiroso e escolheu um terminal privado para tentar mostrar que o governo do estado não cuidava do porto para atender a interesses de privatização e dos plantadores de soja transgênica”.
Ambos engoliram em seco porque são mentirosos. Não importam os fatos, importam as versões que atendam aos interesses dos que pagam (bancos, grandes corporações, governo do Texas, FIESP (uma espécie de delegacia texana por aqui, algo como a agência Pinkerton).
A presença de Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa mostrando uma alternativa à verdade absoluta das franquias texanas ao resto do mundo incomoda. Palestinos lutando por liberdade e por sua terra incomodam. Iranianos buscando com um governo eleito pelo voto direto no único país árabe onde as mulheres votam incomodam.
Não é só VEJA que está procurando demolir a imagem de coragem de Guevara. São revistas e jornais da imprensa marrom no mundo inteiro, parte da sociedade de espetáculo, onde o show é formado de vários esquetes e o ser é tratado como um abjeto objeto sem o menor respeito.
O dia que a mídia for livre, isso mesmo, livre, e publicarem a dor e a coragem, terão que publicar o amor.
Guevara vive porque foi o oposto dessa podridão que gera Calheiros aqui. Calheiros no Paquistão. Calheiros na Argentina. Esses caras não suportam imaginar que possa existir quem se lhes seja exatamente o contrário.
Quanto o grupo que edita VEJA perdeu ao não conseguir vencer as concorrências para a edição de livros didáticos para as escolas públicas do País inteiro? FHC saiu e as fraudes ficaram mais difíceis. Pelo menos isso.
Como foram as operações do grupo com estrangeiros em violento desrespeito à legislação brasileira e agora tentam a todo custo evitar uma CPI para apurá-las?
A lavagem de dinheiro no “negócio”.
VEJA não fala nada de graça e nem publica. É tudo uma questão de tabela.
E a GLOBO também.
A matéria sobre Guevara é mais que um achincalhe mentiroso. É parte do processo de desrespeito total e absoluto à verdade e ao ser humano, com objetivos claros de manter ativos os “negócios”.
Um detalhe. Se o dono da VEJA pisar em solo italiano vai preso por fraudes financeiras. Mafioso.
A frase do título é de Fernanda Tardin.
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
YAM
E a saga continua...
(Com algumas semanas de atraso... Os dias estavam lotados tal qual Lulu, embora preferisse que fosse como o Calvin que ela cita.) Eu falei da Costelinha, agora falo do Yam.
Estávamos há uma semana com a Costelinha. Eu feliz em vê-la confortável, animada e ambientada em casa. O telefone toca, alguém oferece um gatinho bebê, tipo frajolinha (como a gente queria!). Conversei com a filhota, tentando convencê-la de desistirmos dele, pois agora já tínhamos a Costelinha. Mas ela insistiu: “Mãe, vamos olhar, se a gente não gostar, tudo bem (até parece que não iríamos gostar...). Mas a gente podia pegar essa também”.
Meu coração amoleceu. Pensei: quem tem dois pode ter três. Fomos olhar.
Yam era o menor dos quatro filhotes. Todos os demais eram siameses. Sua mãe era preta e ele nasceu frajola. Era o caçula. Minha filha o pegou, cheia de carinho, e perguntou (num tom afirmativo): “Vamos levar?” Levamos.
Disseram que era uma gata. Mas era tão pequeno que era difícil ter certeza. Com aproximadamente quatro meses é que descobrimos ser um gato.
Yam.
Depois de dado o nome, soubemos que, na yoga, Yam é o nome do mantra indicado para estimular o chakra cardíaco. Achei perfeito, pois a personalidade do Yam relaciona-se ao que simbolizamos para o coração. Yam é sanguíneo! Pura paixão. Ele é passional. Sempre que deseja algo reclama com um miado específico (e reclama sempre e muito!). Costelinha o mima por demais. Rimos muito com os dois. Exemplo: Muitas vezes, enquanto ela descansa deitada em algum canto, ele costuma se aproximar, deitar-se apoiando nela ou então, de forma mais incisiva acordá-la empurrando com sua cabeça a dela. Em seguida se deita e ela prontamente o lambe na cabeça, por uns bons minutos e ele demonstra toda sua satisfação com gestos corporais.
Por ser tão passional, Yam é divertido também. É o que mais pula, sobe e corre pela casa. Tira todos os demais do seu remanso. Quer brincar!
Ao mesmo tempo, parece ter uma paciência infinita com minha filha, que o pega no colo e quer niná-lo qual bebê. Ele se deixa embalar com enfado, mal fingindo gostar da brincadeira. É o único dos gatos que tolera essa brincadeira. Os dois possuem uma ligação especial. Ele costuma estar mais perto dela. Reclama na porta quando ela demora muito para acordar e demonstra sua satisfação quando ela chega da rua.
Feel demorou muito para gostar dele. Algo que Yam não dava a menor bola. Vivia tentando uma aproximação. Só recentemente vejo os dois dormindo lado a lado e até ensaiando algumas brincadeiras.
Yam, de um jeito ou de outro, conquistou a todos.
(Com algumas semanas de atraso... Os dias estavam lotados tal qual Lulu, embora preferisse que fosse como o Calvin que ela cita.) Eu falei da Costelinha, agora falo do Yam.
Estávamos há uma semana com a Costelinha. Eu feliz em vê-la confortável, animada e ambientada em casa. O telefone toca, alguém oferece um gatinho bebê, tipo frajolinha (como a gente queria!). Conversei com a filhota, tentando convencê-la de desistirmos dele, pois agora já tínhamos a Costelinha. Mas ela insistiu: “Mãe, vamos olhar, se a gente não gostar, tudo bem (até parece que não iríamos gostar...). Mas a gente podia pegar essa também”.
Meu coração amoleceu. Pensei: quem tem dois pode ter três. Fomos olhar.
Yam era o menor dos quatro filhotes. Todos os demais eram siameses. Sua mãe era preta e ele nasceu frajola. Era o caçula. Minha filha o pegou, cheia de carinho, e perguntou (num tom afirmativo): “Vamos levar?” Levamos.
Disseram que era uma gata. Mas era tão pequeno que era difícil ter certeza. Com aproximadamente quatro meses é que descobrimos ser um gato.
Yam.
Depois de dado o nome, soubemos que, na yoga, Yam é o nome do mantra indicado para estimular o chakra cardíaco. Achei perfeito, pois a personalidade do Yam relaciona-se ao que simbolizamos para o coração. Yam é sanguíneo! Pura paixão. Ele é passional. Sempre que deseja algo reclama com um miado específico (e reclama sempre e muito!). Costelinha o mima por demais. Rimos muito com os dois. Exemplo: Muitas vezes, enquanto ela descansa deitada em algum canto, ele costuma se aproximar, deitar-se apoiando nela ou então, de forma mais incisiva acordá-la empurrando com sua cabeça a dela. Em seguida se deita e ela prontamente o lambe na cabeça, por uns bons minutos e ele demonstra toda sua satisfação com gestos corporais.
Por ser tão passional, Yam é divertido também. É o que mais pula, sobe e corre pela casa. Tira todos os demais do seu remanso. Quer brincar!
Ao mesmo tempo, parece ter uma paciência infinita com minha filha, que o pega no colo e quer niná-lo qual bebê. Ele se deixa embalar com enfado, mal fingindo gostar da brincadeira. É o único dos gatos que tolera essa brincadeira. Os dois possuem uma ligação especial. Ele costuma estar mais perto dela. Reclama na porta quando ela demora muito para acordar e demonstra sua satisfação quando ela chega da rua.
Feel demorou muito para gostar dele. Algo que Yam não dava a menor bola. Vivia tentando uma aproximação. Só recentemente vejo os dois dormindo lado a lado e até ensaiando algumas brincadeiras.
Yam, de um jeito ou de outro, conquistou a todos.
sábado, 29 de setembro de 2007
COSTELINHA
Costelinha é o nome da gata.
Procurava uma nova companheira para o Feel, o gato mais velho. Viajo muito. Ele fica sozinho em casa e quando volto sempre o encontro aborrecido comigo. É como se dissesse: “Como pode me deixar aqui sozinho todo esse tempo?” Ele fica bravo mesmo. Faz cara feia. Aproxima-se como se fosse fazer um carinho, mas dá umas mordidas na perna que não chegam a machucar, mas o suficiente para doer.
Quando a 'Yumi' (a gata anterior) veio para casa, ele reclamou um pouco no início, mas depois gostou. Os dois brincavam bastante e Feel não ficava mais tão aborrecido com minhas ausências. Yumi quando era pequenina, era feia de doer, mas uma gracinha, muito simpática. Quando jovenzinha foi ficando bonita e numa tarde, desapareceu. Com certeza foi levada por alguém.
Depois do período de tristeza de todos nós, fui a procura de outro(a) companheiro(a). Eu e a filhota decidimos que o próximo gato ou gata seria do tipo frajola (preto e branco). Procuramos a associação protetora dos animais, afinal eu não compro animais de raça. Nada contra. Mas sou mais simpática aos SRD (sem raça definida). E há muitos animais abandonados por ai e tal. Acionados os contatos, esperamos os telefonemas. Eles vieram logo. Uma senhora, no bairro tal, tinha gatos frajolas que recolheu das ruas e estavam prontos para doação.
Fomos, eu e a filhota, conferir. Pois adotar um gato não é assim, é preciso um namoro, uma empatia...
Chegamos e olhamos os gatos. Eram três. Mas não gostamos, achamos muito grandes e além disso, eles eram um grupo coeso, não fazia sentido retirar um do grupo. Parecia cruel, mas levar os três também não dava. Feel não ia gostar nada, nada de um bando tomando conta do espaço dele. Agradecemos a senhora que nos recebeu e dissemos não aos gatinhos.
Mas ela não se deu por vencida e nos mostrou uma gata clarinha que ela acabara de recolher.
Colocou em minhas mãos uma gatinha apática, muito magra e que miava sofrimento.
Meu coração amoleceu. O plano era de um gato frajola, mas eu me compadeci e disse sim pra ela.
Era osso e pele. No primeiro dia, controlei a alimentação, pois comia compulsivamente. Comia e dormia. Temia que ela tivesse um troço. Acordava, comia e dormia. Sem forças para mais nada. No dia seguinte, ela começava a caminhar pela casa. No terceiro, já brincava com a gente e procurava por Feel, curiosa. Feel, por outro lado, apenas a tolerava em uma expressão meio aborrecida. Mas eu sabia que no fundo, ele estava contente com a presença dela.
Por ter sido encontrada tão magra, o nome que pegou foi Costelinha. Hoje ela é gordíssima.
Um tanto por ser castrada, um tanto por não fazer nada além de comer e dormir. Costelinha não sai de casa. A rua não a atrai como acontece com os outros gatos. Ao contrário. Ela morre de medo da rua. O máximo que ela se permite é o jardim, mas somente quando estamos lá, juntos. Aí ela se sente segura. A experiência das ruas foi um trauma e tanto.
Feel gosta muito dela. É a única que o lambe, que dorme junto com ele, que ele deixa comer em seu pote.
Costelinha é uma lady e uma doçura.
Procurava uma nova companheira para o Feel, o gato mais velho. Viajo muito. Ele fica sozinho em casa e quando volto sempre o encontro aborrecido comigo. É como se dissesse: “Como pode me deixar aqui sozinho todo esse tempo?” Ele fica bravo mesmo. Faz cara feia. Aproxima-se como se fosse fazer um carinho, mas dá umas mordidas na perna que não chegam a machucar, mas o suficiente para doer.
Quando a 'Yumi' (a gata anterior) veio para casa, ele reclamou um pouco no início, mas depois gostou. Os dois brincavam bastante e Feel não ficava mais tão aborrecido com minhas ausências. Yumi quando era pequenina, era feia de doer, mas uma gracinha, muito simpática. Quando jovenzinha foi ficando bonita e numa tarde, desapareceu. Com certeza foi levada por alguém.
Depois do período de tristeza de todos nós, fui a procura de outro(a) companheiro(a). Eu e a filhota decidimos que o próximo gato ou gata seria do tipo frajola (preto e branco). Procuramos a associação protetora dos animais, afinal eu não compro animais de raça. Nada contra. Mas sou mais simpática aos SRD (sem raça definida). E há muitos animais abandonados por ai e tal. Acionados os contatos, esperamos os telefonemas. Eles vieram logo. Uma senhora, no bairro tal, tinha gatos frajolas que recolheu das ruas e estavam prontos para doação.
Fomos, eu e a filhota, conferir. Pois adotar um gato não é assim, é preciso um namoro, uma empatia...
Chegamos e olhamos os gatos. Eram três. Mas não gostamos, achamos muito grandes e além disso, eles eram um grupo coeso, não fazia sentido retirar um do grupo. Parecia cruel, mas levar os três também não dava. Feel não ia gostar nada, nada de um bando tomando conta do espaço dele. Agradecemos a senhora que nos recebeu e dissemos não aos gatinhos.
Mas ela não se deu por vencida e nos mostrou uma gata clarinha que ela acabara de recolher.
Colocou em minhas mãos uma gatinha apática, muito magra e que miava sofrimento.
Meu coração amoleceu. O plano era de um gato frajola, mas eu me compadeci e disse sim pra ela.
Era osso e pele. No primeiro dia, controlei a alimentação, pois comia compulsivamente. Comia e dormia. Temia que ela tivesse um troço. Acordava, comia e dormia. Sem forças para mais nada. No dia seguinte, ela começava a caminhar pela casa. No terceiro, já brincava com a gente e procurava por Feel, curiosa. Feel, por outro lado, apenas a tolerava em uma expressão meio aborrecida. Mas eu sabia que no fundo, ele estava contente com a presença dela.
Por ter sido encontrada tão magra, o nome que pegou foi Costelinha. Hoje ela é gordíssima.
Um tanto por ser castrada, um tanto por não fazer nada além de comer e dormir. Costelinha não sai de casa. A rua não a atrai como acontece com os outros gatos. Ao contrário. Ela morre de medo da rua. O máximo que ela se permite é o jardim, mas somente quando estamos lá, juntos. Aí ela se sente segura. A experiência das ruas foi um trauma e tanto.
Feel gosta muito dela. É a única que o lambe, que dorme junto com ele, que ele deixa comer em seu pote.
Costelinha é uma lady e uma doçura.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Dilemas de pessoa-economicamente-viável
A coisa tá meio complicada em casa.
A filhota está entediada porque pegou catapora e não pode ir para a escola.
Eu remando na produção de um texto cujo tema eu não gosto (brigo comigo mesma por aceitar esses pedidos... Ai essas dificuldades de dizer ‘não’!). Escrevo, apago, leio, volto, confiro os e-mails, volto, sofro para escrever mais duas frases...
Insatisfação!
De repente as palavras começam a fluir. Um parágrafo! Opa! Ainda não é aquilo que eu esperava, mas já melhorou. Fico esperançosa que o ritmo começa...
Aí...
Aí toca o telefone. Uma voz feminina anuncia ser representante de uma operadora de cartões e que esta possui um convênio com a BlockBuster. Aquela empresa que aluga filmes. E aí a moça me oferece um cartão da Mastercard com o ícone da BlockBuster. Diz ela que eu posso pagar os aluguéis dos filmes com o tal cartão (como se eu já não fizesse isso com os cartões de crédito que já possuo...) e outros blá blá blá. E eu só: Unrum... Unrum... Telefone na orelha, olhos no monitor, no texto que preciso vencer, alcançar. Até que a voz feminina pede que eu confirme meus dados cadastrais. Pergunta minha data de nascimento. Respondo automaticamente ainda tentando prestar mais atenção ao texto... Ela pede a seguir meu CPF. Eu penso: “Meu cpf...” Começo a dizer os primeiros números e paro. Peraí! Que negócio é esse? Só então me desligo de vez do texto e foco no diálogo via telefone.
Digo para ela: “Olha, eu não lhe conheço e acho muito suspeito você pedir meus dados pessoais de cpf e etc. Não vou fornecer nada e estou muito ocupada com outras coisas agora”. A voz do outro lado insiste um pouco, mas como sou irredutível ela desiste e nos despedimos educadamente.
Contudo, o telefonema deixou-me por demais aborrecida. Aborrecida por me ter feito perder o ritmo de escrita tão sofrivelmente alcançado e por me deixar com a sensação de invasão.
Eu fico me perguntando se eu assinei alguma autorização em letras miúdas para a BlockBuster que permita divulgar meus dados cadastrais a outras empresas... De qualquer forma, nossos dados cadastrais circulam sem o menor pudor por aí. Não temos domínio deles. Somos refém dessa rede de fomento ao consumo.
As empresas de cartões de crédito vivem produzindo e reproduzindo cartões com nossos nomes e quase nos impondo-os. Pergunto: elas podem fazer isso impunemente? Que direito elas possuem de manipularem assim os meus, os seus, os nossos dados pessoais de pessoa-economicamente-viável?
É um bombardeio constante de tentativas invasivas para nos saquear, nos vampirizar até nos tornarmos pessoas-economicamente-inviáveis.
Acho que o meu incômodo talvez venha de uma certa ingenuidade, de crer que a gente ainda tem alguma privacidade...
A filhota está entediada porque pegou catapora e não pode ir para a escola.
Eu remando na produção de um texto cujo tema eu não gosto (brigo comigo mesma por aceitar esses pedidos... Ai essas dificuldades de dizer ‘não’!). Escrevo, apago, leio, volto, confiro os e-mails, volto, sofro para escrever mais duas frases...
Insatisfação!
De repente as palavras começam a fluir. Um parágrafo! Opa! Ainda não é aquilo que eu esperava, mas já melhorou. Fico esperançosa que o ritmo começa...
Aí...
Aí toca o telefone. Uma voz feminina anuncia ser representante de uma operadora de cartões e que esta possui um convênio com a BlockBuster. Aquela empresa que aluga filmes. E aí a moça me oferece um cartão da Mastercard com o ícone da BlockBuster. Diz ela que eu posso pagar os aluguéis dos filmes com o tal cartão (como se eu já não fizesse isso com os cartões de crédito que já possuo...) e outros blá blá blá. E eu só: Unrum... Unrum... Telefone na orelha, olhos no monitor, no texto que preciso vencer, alcançar. Até que a voz feminina pede que eu confirme meus dados cadastrais. Pergunta minha data de nascimento. Respondo automaticamente ainda tentando prestar mais atenção ao texto... Ela pede a seguir meu CPF. Eu penso: “Meu cpf...” Começo a dizer os primeiros números e paro. Peraí! Que negócio é esse? Só então me desligo de vez do texto e foco no diálogo via telefone.
Digo para ela: “Olha, eu não lhe conheço e acho muito suspeito você pedir meus dados pessoais de cpf e etc. Não vou fornecer nada e estou muito ocupada com outras coisas agora”. A voz do outro lado insiste um pouco, mas como sou irredutível ela desiste e nos despedimos educadamente.
Contudo, o telefonema deixou-me por demais aborrecida. Aborrecida por me ter feito perder o ritmo de escrita tão sofrivelmente alcançado e por me deixar com a sensação de invasão.
Eu fico me perguntando se eu assinei alguma autorização em letras miúdas para a BlockBuster que permita divulgar meus dados cadastrais a outras empresas... De qualquer forma, nossos dados cadastrais circulam sem o menor pudor por aí. Não temos domínio deles. Somos refém dessa rede de fomento ao consumo.
As empresas de cartões de crédito vivem produzindo e reproduzindo cartões com nossos nomes e quase nos impondo-os. Pergunto: elas podem fazer isso impunemente? Que direito elas possuem de manipularem assim os meus, os seus, os nossos dados pessoais de pessoa-economicamente-viável?
É um bombardeio constante de tentativas invasivas para nos saquear, nos vampirizar até nos tornarmos pessoas-economicamente-inviáveis.
Acho que o meu incômodo talvez venha de uma certa ingenuidade, de crer que a gente ainda tem alguma privacidade...
terça-feira, 25 de setembro de 2007
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
FUNAI
Eu sou antropóloga. Antropóloga que possui como interesse de estudo, um certo grupo indígena (grupo, comunidade, sociedade... não tribo, pelo-amor-de-deus, tribo não! Tribo é um termo obsoleto, usado ainda leigamente e que remete a uma visão pseudo-evolucionista).
Bem, e quem lida com índios, leva no pacote a FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Em todos esses anos, participei de umas boas dúzias de reuniões com representantes da FUNAI para discutir questões (geralmente fundiárias) que afetam o grupo indígena no qual tornei-me especialista. Curioso, constato hoje, que tais reuniões nunca aconteceram na sede da FUNAI, em Brasília. Mesmo em outra ocasião quando fui nessa cidade, essa e outras reuniões aconteceram em outros locais.
Bem, na semana que passou participei de mais uma reunião com representantes desse órgão governamental. E pela primeira vez entrei na sua sede.
Desalentador.
Embora há muito saiba do sucateamento dessa instituição, foi triste observar como o prédio da FUNAI materializa tão bem a realidade do processo de indigência galopante.
Usar o elevador implicava em alto risco. Não houve qualquer um dos três dias de reunião sem que, pelo menos por algumas horas, os elevadores ficassem indisponíveis para serem consertados.
No seu interior, era preciso adivinhar qual seria o botão do terceiro andar (onde aconteceu a reunião).
Algumas vezes enquanto usávamos o elevador eu pensava uns absurdos: "Aqui estão espremidos antropólogos das regiões sul e sudeste do país, se o elevador emperrasse agora, se ficássemos presos por algumas horas, viria a imprensa, haveria barulho e talvez a precariedade gritante da FUNAI ganharia visibilidade e talvez isso despertasse um pouco de vergonha e talvez..." Mas aí o elevador se abre e todos saem falantes e alheios a estrutura do edifício. Minha esperança por um acidente morre. E mesmo isso é um delírio, acreditar que só uma pseudo-tragédia pode mobilizar mudanças. O que é isso??? Acidentes significativos aconteceram no país e só sensibilizaram nos primeiros quinze minutos (ou quinze horas ou quinze dias) e nada mais. Quem se sensibiliza pelos povos indígenas? Meia dúzia de três ou quatro, ou seja, aqueles que estavam ali no prédio em frangalhos. (...)
Se a FUNAI está assim, é possível imaginar a quantas estão os povos indígenas que necessitam de seu apoio nos embates com grupos de poder contrários aos seus direitos.
Na sala improvisada para a reunião, uma das paredes possui uma imagem do presidente da república sorridente... Parede com rachaduras, pintura descascando, sinais de infiltração.
O presidente sorri porque não vê nada, não sabe de nada.
A parede pode cair, mas o presidente (dito popular, porque originário das classes populares) continuará sorrindo.
(Clique na imagem para ver melhor)
Bem, e quem lida com índios, leva no pacote a FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Em todos esses anos, participei de umas boas dúzias de reuniões com representantes da FUNAI para discutir questões (geralmente fundiárias) que afetam o grupo indígena no qual tornei-me especialista. Curioso, constato hoje, que tais reuniões nunca aconteceram na sede da FUNAI, em Brasília. Mesmo em outra ocasião quando fui nessa cidade, essa e outras reuniões aconteceram em outros locais.
Bem, na semana que passou participei de mais uma reunião com representantes desse órgão governamental. E pela primeira vez entrei na sua sede.
Desalentador.
Embora há muito saiba do sucateamento dessa instituição, foi triste observar como o prédio da FUNAI materializa tão bem a realidade do processo de indigência galopante.
Usar o elevador implicava em alto risco. Não houve qualquer um dos três dias de reunião sem que, pelo menos por algumas horas, os elevadores ficassem indisponíveis para serem consertados.
No seu interior, era preciso adivinhar qual seria o botão do terceiro andar (onde aconteceu a reunião).
Algumas vezes enquanto usávamos o elevador eu pensava uns absurdos: "Aqui estão espremidos antropólogos das regiões sul e sudeste do país, se o elevador emperrasse agora, se ficássemos presos por algumas horas, viria a imprensa, haveria barulho e talvez a precariedade gritante da FUNAI ganharia visibilidade e talvez isso despertasse um pouco de vergonha e talvez..." Mas aí o elevador se abre e todos saem falantes e alheios a estrutura do edifício. Minha esperança por um acidente morre. E mesmo isso é um delírio, acreditar que só uma pseudo-tragédia pode mobilizar mudanças. O que é isso??? Acidentes significativos aconteceram no país e só sensibilizaram nos primeiros quinze minutos (ou quinze horas ou quinze dias) e nada mais. Quem se sensibiliza pelos povos indígenas? Meia dúzia de três ou quatro, ou seja, aqueles que estavam ali no prédio em frangalhos. (...)
Se a FUNAI está assim, é possível imaginar a quantas estão os povos indígenas que necessitam de seu apoio nos embates com grupos de poder contrários aos seus direitos.
Na sala improvisada para a reunião, uma das paredes possui uma imagem do presidente da república sorridente... Parede com rachaduras, pintura descascando, sinais de infiltração.
O presidente sorri porque não vê nada, não sabe de nada.
A parede pode cair, mas o presidente (dito popular, porque originário das classes populares) continuará sorrindo.
(Clique na imagem para ver melhor)
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Publicidade
Recebi por e-mail essa imagem que serve para a propaganda de um desfile de moda da grife em um shopping local (se é que aquilo pode ser chamado de shopping... mas, façamos de conta!). A foto é de André S... (não dá para entender o sobrenome). Ao ver a imagem eu me perguntei: Isso atrai alguém para ver o desfile ou a consumir os produtos da marca?
Gente, que imagem é essa?
Qual a razão dessas posturas corporais?
E as caras dos modelos? Socorro!
Eu não compraria roupas associadas a essa foto, pelo que a imagem parece querer significar.
O que você sente ao ver essa imagem? Há beleza aí? Parece-me uma confusão. Há excesso e o vermelho enfatiza isso. Era para ser quente? Mas e as caras de alheiamento dos três? Ménage à trois? Nem de longe. Não há sensualidade.
Enfim, achei a proposta muito ruim.
Que vitória é essa???
Bem, saiu o resultado do senado: 40 a favor de Renan, 35 contra e 6 abstenções. Isso significa que ele, de fato, tem apenas 39 senadores ao seu lado (pois é lógico que ele voltou a seu favor).
Que vitória é essa????
Um nojo. Cuspe-cuspe-cuspe!!
Que vitória é essa????
Um nojo. Cuspe-cuspe-cuspe!!
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
MEME
O Rigon recebeu de alguém, repassou para a Marta e esta prá mim. Um Meme. Devo apresentar minha lista das cinco melhores invenções e dos cinco melhores vídeos (YouTube). Bem, eu já vou bagunçar um pouco, porque não tenho paciência para YouTube. Substituo pelos curtas disponíveis no Porta Curtas. Uma delícia. Vale a pena ver.Vamos lá.
-Melhores invenções:
> Fogo
> Agricultura
> Domesticação dos gatos
> Fotografia
> Amor
- Melhores curtas:
# Pax
# A invenção da infância
# Mãe de lesbos
# A pessoa é para o que nasce
# Que país é esse?
-Melhores invenções:
> Fogo
> Agricultura
> Domesticação dos gatos
> Fotografia
> Amor
- Melhores curtas:
# Pax
# A invenção da infância
# Mãe de lesbos
# A pessoa é para o que nasce
# Que país é esse?
domingo, 9 de setembro de 2007
Eu-coisa
Adorei esse poema de Manoel de Barros:
RETRATO DO ARTISTA QUANDO COISA
A menina apareceu grávida de um gavião.
Veio falou para a mãe: o gavião me desmoçou.
A mãe disse: Você vai parir uma árvore para
a gente comer goiaba nela.
E comeram goiaba.
Naquele tempo de dantes não havia limites
para ser.
Se a gente encostava em ser ave ganhava o poder de alçar.
Se a gente falasse a partir de um córrego
a gente pegava murmúrios.
Não havia comportamento de estar.
Pessoas viravam árvore.
Pedras viravam rouxinóis.
Depois veio a ordem das coisas e as pedras
têm que rolar seu destino de pedra para o resto
dos tempos.
Só as palavras não foram castigadas com
a ordem natural das coisas.
As palavras continuam com seus deslimites.
(Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record. 1998)
RETRATO DO ARTISTA QUANDO COISA
A menina apareceu grávida de um gavião.
Veio falou para a mãe: o gavião me desmoçou.
A mãe disse: Você vai parir uma árvore para
a gente comer goiaba nela.
E comeram goiaba.
Naquele tempo de dantes não havia limites
para ser.
Se a gente encostava em ser ave ganhava o poder de alçar.
Se a gente falasse a partir de um córrego
a gente pegava murmúrios.
Não havia comportamento de estar.
Pessoas viravam árvore.
Pedras viravam rouxinóis.
Depois veio a ordem das coisas e as pedras
têm que rolar seu destino de pedra para o resto
dos tempos.
Só as palavras não foram castigadas com
a ordem natural das coisas.
As palavras continuam com seus deslimites.
(Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record. 1998)
Preferido
Se agosto é tempo do ipê amarelo, setembro nos reserva o ipê branco. Ele é mais raro por aqui. Será que as pessoas não gostam tanto? Será mais exigente para manter-se? Talvez por ser branco e não ser tão exuberante quanto os demais, talvez por ter uma floração mais rápida... Sei lá, só sei que há poucos na cidade.
No campus universitário encontrei alguns pés tímidos. Fiquei de olho neles e, na semana passada, floresceram. O auge da floração não durou 24 horas. No dia seguinte a dessa foto, a maior parte das flores já tinham caído. Mas valeu a espera. Consegui boas imagens.
O ipê branco é o meu preferido.
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
NATAÇÃO FAZ BEM AOS OLHOS
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