sábado, 29 de setembro de 2007

COSTELINHA

Costelinha é o nome da gata.
Procurava uma nova companheira para o Feel, o gato mais velho. Viajo muito. Ele fica sozinho em casa e quando volto sempre o encontro aborrecido comigo. É como se dissesse: “Como pode me deixar aqui sozinho todo esse tempo?” Ele fica bravo mesmo. Faz cara feia. Aproxima-se como se fosse fazer um carinho, mas dá umas mordidas na perna que não chegam a machucar, mas o suficiente para doer.
Quando a 'Yumi' (a gata anterior) veio para casa, ele reclamou um pouco no início, mas depois gostou. Os dois brincavam bastante e Feel não ficava mais tão aborrecido com minhas ausências. Yumi quando era pequenina, era feia de doer, mas uma gracinha, muito simpática. Quando jovenzinha foi ficando bonita e numa tarde, desapareceu. Com certeza foi levada por alguém.
Depois do período de tristeza de todos nós, fui a procura de outro(a) companheiro(a). Eu e a filhota decidimos que o próximo gato ou gata seria do tipo frajola (preto e branco). Procuramos a associação protetora dos animais, afinal eu não compro animais de raça. Nada contra. Mas sou mais simpática aos SRD (sem raça definida). E há muitos animais abandonados por ai e tal. Acionados os contatos, esperamos os telefonemas. Eles vieram logo. Uma senhora, no bairro tal, tinha gatos frajolas que recolheu das ruas e estavam prontos para doação.
Fomos, eu e a filhota, conferir. Pois adotar um gato não é assim, é preciso um namoro, uma empatia...
Chegamos e olhamos os gatos. Eram três. Mas não gostamos, achamos muito grandes e além disso, eles eram um grupo coeso, não fazia sentido retirar um do grupo. Parecia cruel, mas levar os três também não dava. Feel não ia gostar nada, nada de um bando tomando conta do espaço dele. Agradecemos a senhora que nos recebeu e dissemos não aos gatinhos.
Mas ela não se deu por vencida e nos mostrou uma gata clarinha que ela acabara de recolher.
Colocou em minhas mãos uma gatinha apática, muito magra e que miava sofrimento.
Meu coração amoleceu. O plano era de um gato frajola, mas eu me compadeci e disse sim pra ela.

Era osso e pele. No primeiro dia, controlei a alimentação, pois comia compulsivamente. Comia e dormia. Temia que ela tivesse um troço. Acordava, comia e dormia. Sem forças para mais nada. No dia seguinte, ela começava a caminhar pela casa. No terceiro, já brincava com a gente e procurava por Feel, curiosa. Feel, por outro lado, apenas a tolerava em uma expressão meio aborrecida. Mas eu sabia que no fundo, ele estava contente com a presença dela.
Por ter sido encontrada tão magra, o nome que pegou foi Costelinha. Hoje ela é gordíssima.

Um tanto por ser castrada, um tanto por não fazer nada além de comer e dormir. Costelinha não sai de casa. A rua não a atrai como acontece com os outros gatos. Ao contrário. Ela morre de medo da rua. O máximo que ela se permite é o jardim, mas somente quando estamos lá, juntos. Aí ela se sente segura. A experiência das ruas foi um trauma e tanto.
Feel gosta muito dela. É a única que o lambe, que dorme junto com ele, que ele deixa comer em seu pote.
Costelinha é uma lady e uma doçura.

Um comentário: