sábado, 27 de outubro de 2007

FEEL



Da última ao primeiro. Falei deles sempre citando o Feel por tabela. Costelinha, Yam e Rita estão há menos de um ano conosco. Feel chegou em 2004. Já tínhamos o cachorro, Churek (um pinscher número ‘um’ que eu acho meio chato, mas ele é a paixão da filhota, então nem reclamo muito). A desculpa para o gato veio numa manhã de primavera na cozinha.
Enquanto tomava o café da manhã supus ter visto um rato entrar no pequeno vão entre a parede e o armário de imbuia. Parafraseando o Piu-piu, eu me disse “Acho que eu vi um ratinho.”
A dúvida é uma angústia insuportável. Mais insuportável que o nojo. E eu tenho nojo de ratos. Nojo por que na classificação doméstica eles entram na categoria de insetos. Ou seja, aqueles seres minúsculos, parasitas, que causam doenças, que contaminam o ambiente e que são nojentos. Mas não são insetos e são (do ponto de vista doméstico) só por que são maiores, tem pelos e rabo e... (argh!) Vísceras e sangue que se espalham por tudo quando tentamos matá-los da mesma forma que os demais insetos. Enfim, eles estão na liminaridade. E talvez justamente por isso são infinitamente mais nojentos (eu já disse que eles são nojentos? Parece que a repetição é a única maneira de traduzir a impressão repugnante que causam). E eles podem trazer a peste! Doença tabu do ocidente.
Bem, diante da dúvida, fui lá, abaixei-me e olhei. Ajustei o foco para poder enxergar algo na escuridão do pequeno vão de dois por dois e meio centímetros. E havia algo no vão que impedia que a luz atingisse meus olhos a formar o retângulo esperado. Só era possível ver pequenos triângulos de luz em quatro pontos indicando haver algo redondo entre o móvel e a parede. Pavor, pavor, pavor!
Abri a porta da cozinha, peguei o cabo de uma vassoura velha, introduzi-o por um lado do móvel e cutuquei a coisa redonda no vão. Se fosse um rato, sairia pelo outro lado, atravessaria a porta aberta e fugiria para o jardim. Ao colocar o cabo, ouvi aquele som típico emitido por esses insetos-mamíferos. Corri para a porta e consegui vê-lo fugir pela grama, atravessar as grades do portão, atingir a calçada, atravessar a rua e sumir no bueiro. Fiquei espantada com a velocidade e o tamanho dele. Era minúsculo! Inseto maldito!
Ai, o dia não começava bem. E morar naquela casa não começava bem, pois acabava de me mudar.
O problema estava instalado. Eu não o havia resolvido por que apenas o espantara. Certamente ele voltaria. E eu não conseguia matar ratos, nem diretamente, nem com armadilhas (envenenamento nem entra como opção – sou radicalmente contra a presença desse tipo de coisa em uma casa). Eu mato um monte de coisas (reparem que eu os denomino como coisas, são coisas animadas) sem drama: aranha, formiga, mosquito, barata... (Cobra já matei, mas acho que hoje não mataria. Não por falta de coragem, mas por admiração que passei a ter por elas). Mas rato não dá. O nojo me impede.
Fiz minha primeira pesquisa na vizinhança e o resultado foi ruim. Os camundongos fazem parte da fauna local e volta e meia entram nas casas.
Não demorei muito para resolver. Sentenciei: Vamos ter um gato! Urgente!
Após alguns telefonemas, conheci a SPAM e uma das suas associadas me presenteou com esse delicioso gato amarelo.
Muitos me disseram que não adiantaria nada, que os ratos não deixariam de invadir minha casa. Entretanto, desde que o Feel chegou, nenhum ousou. Agora então, com quatro gatos, nenhuma chance. Rá!

2 comentários:

Anônimo disse...

Val. Pefeitas suas conjecturas. No tempo que tinha gatos em casa, rato, camundongo, ratazana, e outros (¿...insetos?¿) não se criavam no quintal ou dentro de casa. Mas hoje vejo que Billy e Bob são "afrontados". Vira e mexe e eu tenho de colocar o capuz de carrasco. Mas comigo é no veneno (cuidadoso, é claro!), na porrada, enfim, de qualquer jeito.

Tenha uma ótima semana.

Marta Bellini disse...

Feel! Amo este gatim!