quarta-feira, 10 de setembro de 2008

RONRONROM


Sabe aquela felicidade discreta, aquele prazer interno que só a gente sabe que está sentindo? É uma delícia, não?
Você está numa fila de banco imensurável, de acabar com qualquer humor e eis que o celular acusa uma mensagem e você recebe aquela boa notícia tão esperada ou quase impossível. Você não sai pulando e gritando pelo banco, mas curte a alegria intimamente e tudo ao redor deixa de ter importância.
Essa manifestação interna de prazer (ou seria não manifestação?) sempre me agradou mais do que a outra, cheia de barulho, que chama a atenção de todos.
Aquele ‘rir por dentro’ é uma das sensações que considero das melhores, superiores. Nunca pensei em conceitualizar esse tipo de prazer. Mas acabo por esbarrar com uma definição que achei perfeita.
Ela vem de um psicólogo, seu nome é Irvin D. Yalom. Famoso por escrever literatura a partir de sua experiência clínica (é dele o livro Quando Nietzsche chorou). Num desses seus livros ele fala desse tipo de prazer íntimo ao encontrar a chave para a interpretação de uma situação clínica. E para defini-la ele se vale do verbo “ronronar”.
Ronronar!
Perfeito. Como não pensei nisso antes?
Os gatos aqui na minha volta... Por vezes felizes como eles só, mas não há nenhum sinal corporal que o diga, salvo pelo barulhinho que só se ouve ao chegar mais perto. E aí encontramos o seu ronronrom.
Assim, peguei pra mim esse insight certeiro de Yalom.
Ronronrom!

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