quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Quando os objetos superam as pessoas


Já dizia o velho Mauss e depois dele eu acho que quem melhor disse foi Godelier. Disseram que a gente costuma imprimir a um objeto, um artefato, uma potência, uma importância, uma personalidade tão ou maior que a humana. E é isso mesmo. Criamos objetos mais significativos que as pessoas.
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O que mais me chamou atenção no Oscar desse ano foram as jóias da Jolie.
Jóias da Jolie.
Aliteração. Gosto disso. He he he!
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Os brincos e o anel de esmeraldas se sobrepuseram a ela. O vestido preto – neutralidade – contribuiu para que as jóias se tornassem mais comunicativas. E virou agressão. Objetos muito valiosos imprimiram uma violência que arranhou a imagem da atriz. Como uma famosa, que parecia tão solidária com o sofrimento de povos africanos e tal, poderia aparecer num evento com objetos tão ostensivos? Dizem que as jóias valem 20 milhões...
Paradoxo?
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Fato é que as jóias ocuparam o seu lugar e fizeram estragos em sua imagem. Ela errou feio. Neste evento de celebridades, Jolie foi objeto e suas jóias é que atuaram sobre ela.

Um comentário:

Urso Malvado disse...

Engraçado o escalonamento de valores que as pessoas que fazem a mídia imprimem no imaginário coletivo... este fetiche da posse faz com que objetos signifiquem mais que pessoas e animais não-humanos... espero que um dia nossa espécie (até o momento lamentável) consiga trazer a luz mais e maiores momentos de grandeza, de dignidade... se bem que não tenho muita esperança de estarmos todos vivos para vermos isso.