domingo, 15 de fevereiro de 2009

DÍ-FI-CIL

Aos poucos eu vou me dando conta do quanto é difícil falar de religião antropologicamente. Sabe como é? Sem valorizar uma perspectiva em detrimento da outra, sem escorregar em achismos. Sem ser evolucionista ou facista.
Gente, é di-fí-cil.
Não que eu esteja tentando escrever sobre. Não sou especialista. Estou é procurando alguém que tenha escrito sobre religião de forma didática e antropológica.
E não encontro.
Tá, tem os bam bam bam da área que escreveram sobre isso (num vou listar aqui, que isso aqui não é espaço acadêmico), mas é muito árido. Preciso de algo compatível com a bagagem simbólica dos meus queridinhos alunos (eita, que “bagagem simbólica” foi chique, né?).
* * *

Religião é sempre um tema espinhoso porque é muito melindroso.
Eu me lembro do amado.
Divertia-me quando conversávamos sobre. Entre as coisas interessantes, tinha o fato dele ser católico e meter o pau na igreja. Ele odiava. Não entendia por que continuava sendo católico. Ele dizia que era mais por tradição do que por convicção. Até próximo da morte, ele dizia horrores sobre o catolicismo. Lembro de uma freirinha que foi tentar levar conforto a ele no leito do hospital. Ela pagou todos os seus supostos pecados com a ironia dele.
Embora fosse muito tolerante com quase tudo, a religião era seu calcanhar de Aquiles. Ele também detestava os judeus. E eu, que nem dava bola prá eles, comecei a ficar mais atenta a partir de suas críticas.
* * *

Eu respeito muitíssimo as crenças religiosas das pessoas (mas nem tanto algumas instituições religiosas constituídas – são coisas bem distintas, que fique bem claro). E ao mesmo tempo ainda me espanto com o grau de intolerância que elas geram no contato uma com as outras. Pois que o encontro com o diferente revela que a sua verdade é tão relativa quanto a do outro e isso é difícil de engolir para qualquer dogmático.

* * *

Rodo a baiana mesmo quando me aparece um empoladinho cheio das verdades querendo que eu tenha uma religião ou a reação de repulsa quando digo que não acredito na existência de um ou mais deuses.
Cazzo! Eu respeito que você tenha sua religião e por que você não pode respeitar que eu seja atéia?

* * *
Ai meu útero...
Craro, né?
Se você não crer em deus, logicamente não é uma pessoa boa, não tem sensibilidade, não é solidária... Enfim, é classificada na categoria de seres abomináveis!
Buhhh!!!

* * *
Bem, bem, bem.
Será que meus picorruchos gatitos crêem em mim?
Rá, eles nem tão...

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